RIO - Depois de mais de 10 passagens pelo Rio, Fatboy Slim volta à cidade para um supershow no Riocentro, no dia 19 de janeiro, dentro da anual Rio Music Conference. Em entrevista por telefone, o DJ veterano fala de sua relação com o Brasil, critica celebridades que se arriscam nas carrapetas e decreta: “a música dance é uma celebração da loucura”. Assíduo das praias cariocas, ele se lembra claramente da noite em que tocou na Praia de Copacabana, em 2007, para cerca de 500 mil pessoas:
- Eu estava muito nervoso, mas foi um dos melhores shows da minha vida. Os brasileiros e eu temos a mesma sintonia: rimos das mesmas piadas, temos um temperamento parecido... Devo ter sangue brasileiro em mim - brinca o DJ de 48 anos, que diz ter crescido ouvindo samba e vendo a seleção brasileira jogar pela TV.
Segundo Norman Cook, como também é conhecido, uma das diferenças entre o público brasileiro e o europeu é que os habitantes do Velho Mundo “levam mais a sério” a música eletrônica. DJs-celebridades, com seus iPods cheios de obviedades, são mais comuns por aqui. Apesar de não ver muitos amadores na Europa, o inglês desaprova a proliferação deles:
- Acho que depende muito da qualidade do DJ-celebridade, mas até hoje não ouvi um bom. Gosto de pensar que minha experiência e meu estudo me faz melhor do que eles - dispara o autor de hits como “The Rockafeller skank” e “Praise you”.
‘Nunca quis fazer esse lance superstar, como o David Guetta’
Apesar de ter trabalhado com músicos de hip hop e de ser fã de graffiti - ele tem obras de Banksy e Keith Haring em casa e adora os brasileiros Os Gêmeos -, Fatboy nunca entrou nessa onda das parcerias entre DJs e rappers famosos.
- Nunca quis fazer esse lance superstar, como o que David Guetta faz. Já até me encontrei com rappers, que sugeriram fazer faixas comigo, mas, não sei... A vibe dos rappers não me deixa confortável. A música dance é uma celebração da loucura, e não combina com uma pessoa cantando por cima dela, do início ao fim.
Quando Fatboy começou a fazer música eletrônica, no início da década de 90, o gênero ainda engatinhava em clubes undergrounds da Inglaterra. Norman não se dedicava 100% a isso e muito menos pagava o aluguel com a grana das picapes. - Era apenas uma coisa para se fazer à noite - observa, rindo. Sem previsão para o lançamento de um CD de inéditas Até hoje Norman não acredita que ser DJ se tornou profissão. Ele diz se admirar com a proporção que o seu trabalho tomou toda vez que visita um país exótico ou muito longe de casa: - Esse ano toquei na Muralha da China. No meio do show, pensei: “Como cheguei aqui?”. Isso é muito louco. Quando comecei, não havia internet, era muito difícil que alguém de outro continente conhecesse meu som. Era inimaginável um DJ viajando pelo mundo - diz Norman por telefone, falando de sua casa, que fica numa praia de Brighton. Mas a internet não mudou só esse aspecto da vida de um DJ. Com a facilidade para se baixar canções, o músico inglês se sente desmotivado para lançar um novo álbum de inéditas. Seu último saiu em 2006. - Não sinto vontade de fazer um CD agora, e não gosto de fazer um disco a não ser que seja surpreendente. Então, até pensar em algo para surpreender as pessoas, estou feliz apenas sendo DJ. Gosto muito de tocar ao vivo. É como uma droga que me faz jovem - diz Fatboy Slim.
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